quinta-feira, 9 de maio de 2013

Quando é preciso partir – Vó Ana

Às vezes eu tenho a impressão que eu pressinto as coisas ruins que virão. Assim como tem sucedido no blog é possível notar que eu não andava muito feliz, andava triste por um motivo que perto deste agora parece que era tão frívolo, mas tão frívolo. Minha vozinha Ana Catarina partiu nesta madrugada, partiu para um lugar que eu creio que é mais bonito e tranquilo. Nunca tinha passado por perda tão grande assim, já perdi familiares, mas não com uma ligação tão grande quanto eu tinha com minha vó Ana. Ela mora/va em Belo Horizonte-MG e mesmo sendo tão longe e vendo-a apenas de 4 em 4 anos, nos dávamos tão bem. A família costumava dizer que eu puxava a ela, eu não pareço nem com meu pai nem com minha mãe, então eu sempre dizia com orgulho: - Puxei pra minha vó! Costumavam dizer que eu tinha seu nariz, as pernas e existia uma semelhança grande entre nós quando ela era mais nova.
 
Vó, sei que podes me ouvir. Me lembro pouco do tempo que passamos juntas, já que, te via tão pouco, mas o pouco tempo foi suficiente para amar-te com todo carinho, e não é amor só porque é familiar, é amor de amor mesmo, admiração. Obrigada por me deixar divertir e fazer contigo biscoitos de polvilho com forma de bonecos, de me mostrar a tamanha simpatia com a vizinhança e cumprimentar todo mundo na rua, obrigada por me deixar fazer esculturas com seu durepox [riso contido], por me fazer rir quando dizia que ia casar com o Ral Gil, das piadas espontâneas, de me contar do tempo que era mocinha, das músicas no rádio da TV de manhã, dos chamados a Otília: “Otília, vem cáaah!”, dos bordados, do galinho que dizia como estava o tempo, do matagal que ela chamava de jardim, do carinho que fazia na cabeça do meu pai. Vozinha minha, desculpe-me a falta de memória, e por não ter te dado parabéns em todos os dias das mães/vós. 
Antes de ir ela não vinha passando bem, estava internada já há 5 dias, eu não soube de nada porque papai tenta esconder essas coisas da gente, nem mesmo mamãe sabia. No último dia de internação no hospital, já parecendo que sabia que chegava a hora, teve uma melhora e disse para o médico: - Eu preciso ir, preciso ir embora daqui! Cabe agora saber que “Aqui" era esse?
Mamãe vinha sentindo coisas estranhas também assim como eu, me disse que andava com uma angústia no peito, que não conseguia se concentrar. Hoje ela conta que na madrugada da partida de minha vozinha sonhou com vó Ana, mamãe disse que ela estava feliz e não mais em uma cama, já que, ela era paralisada de um lado graças a um derrame antigo. Talvez ela tenha vindo se despedir. Mamãe diz que elas conversavam contentes e cuidavam com carinho do matagal que ela chamava de jardim.
Vovó estava feliz, estava feliz. Creio e desejo que este seja teu sentimento agora, de felicidade e contentamento. Que a Paz do Senhor esteja com a senhora Vó Ana Inácio Catarina. Sentirei saudades!

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