Eulali tinha se
declarado fim ao ocorrido, lhe vi andando nos corredores e dando gargalhadas,
gargalhadas agudas de doer o ouvido. Mas não era assombração, Eulali estava
viva.
Depois disso Eulali não me disse mais nada. Fiquei esperando
a explicação, o complemento, mas ela parou ali: “Porque eu preciso!”Fiquei me
questionando e tentando entender, a pesar de conviver com Eulali há tanto tempo
às vezes não a compreendia. Às vezes ela parecia sã e às vezes tão louca. Eu
sempre suspeitei que surto em Eulali vinha quando com ela estava também a dor.
Surto era a maneira de resposta ao mundo, no qual quase em desespero tentava
dizer que ela não era fraca, que ela não aceitava a condição, que ela estava bem.
De vez em quando via Eulali gritando, aqui, alí. Fiz uma oração longa, daquelas
que se fica com os joelhos doloridos e olhos inchados. E Deus com carinho
respondeu de novo:
- Hahahahaha!
Outrora Eulali ria de coisas que nem mesmo cabia o riso, mas
ela ria. Ria um pouco pra dentro, mas ria. Fiz questão de ver aquilo de perto,
entender o motivo da tamanha felicidade que parecia que vingava. Perguntei-lhe:
- Não que me caiba perguntar, mas porque andas rindo tão
alto?
- Porque eu preciso!
- Espera!
FIM
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