terça-feira, 14 de maio de 2013

Eulali - Ápices (Cap extra) "Rir era desespero (6)"

Eulali tinha se declarado fim ao ocorrido, lhe vi andando nos corredores e dando gargalhadas, gargalhadas agudas de doer o ouvido. Mas não era assombração, Eulali estava viva.
 
- Hahahahaha!

Outrora Eulali ria de coisas que nem mesmo cabia o riso, mas ela ria. Ria um pouco pra dentro, mas ria. Fiz questão de ver aquilo de perto, entender o motivo da tamanha felicidade que parecia que vingava. Perguntei-lhe:
- Não que me caiba perguntar, mas porque andas rindo tão alto?
- Porque eu preciso!
 
Depois disso Eulali não me disse mais nada. Fiquei esperando a explicação, o complemento, mas ela parou ali: “Porque eu preciso!”Fiquei me questionando e tentando entender, a pesar de conviver com Eulali há tanto tempo às vezes não a compreendia. Às vezes ela parecia sã e às vezes tão louca. Eu sempre suspeitei que surto em Eulali vinha quando com ela estava também a dor. Surto era a maneira de resposta ao mundo, no qual quase em desespero tentava dizer que ela não era fraca, que ela não aceitava a condição, que ela estava bem. De vez em quando via Eulali gritando, aqui, alí. Fiz uma oração longa, daquelas que se fica com os joelhos doloridos e olhos inchados. E Deus com carinho respondeu de novo:
- Espera!

FIM

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