domingo, 5 de maio de 2013

Eulali - Ápices "Finda a dor de Eulali (5)"

Me doía ver a dor de Eulali. E pior que ver era sentir. Versos novamente não entregues, carinho e vontade que se desfaz. Sabe quando dizem que há a melhora da morte? Não que seja morte, mas foi isso que aconteceu. Eulali esticou com todo vigor as extremidades dos lábios, com sorriso de ponta a ponta, orelha a orelha me veio contente dizendo:
 
- Estou feliz, mas tão feliz que parece que o contentamento hora não caberá em mim e explodirá. Tipo de felicidade pura que às vezes até faz o peito doer.
Fiquei contente em vê-la assim. Como é bonito ver felicidade. Felicidade de motivos tão bobos mais contentes. Sorri com Eulali, não aguentei ficar de riso fechado com aquela tamanha felicidade perto de mim. Ficamos rindo por algumas horas. Gargalhadas gostosas de doer o estômago.
Estranho quando percebi! Quase sempre em ápice de felicidade de Eulali vinha com ela também a dor. “Felicidade pura que às vezes até faz o peito doer”. “Gargalhadas gostosas de doer o estômago”. Cheguei a pensar que dor era normal, normal para o clímax de satisfação. Deixei Eulali sozinha por um tempo e fui contente para casa.
Enquanto escrevia algumas coisas sobre o quando a vida nos surpreende e de como as coisas vingam ou deixam de vingar quando menos esperamos, escutei um grito:
- Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah! Ajude-me!
Fiquei preocupada, preocupada e desesperada sem conseguir reconhecer de onde vinha toda aquela dor. Tipo de pedido de socorro que te desnorteia, que te causa a noção de inutilidade. Vontade de resgatar mais não poder fazer nada. Corri aflita nos labirintos que conhecia, mas quanto mais eu procurava, mais parecia que eu me perdia. Procurei, procurei, quase desisti. Procurei mas não encontrei, era dentro de mim.
Eulali neste conto morria.

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