Fico às vezes horas observando Eulali e às vezes até admirando
como ela pode conseguir motivos tão frívolos para sorrir. Eulali andava murcha
e cabisbaixa, não comia, não dormia, andava por aí catando abraços e versos que
lhe reerguessem da tristeza e ócio. Eu estava quase aceitando sua derrota e
frouxidão quando ela vem e me diz:
- Vamos dar uma volta?
Ao mesmo tempo que ouvi, imaginei. Como ela pode se ordenar
a cura de forma tão rápida assim? A respondi:
- Pra onde?
- Não sei, aqui, alí. Lugar onde eu possa meditar.
Fui. No caminho fomos conversando. Tentei entender a tamanha
tristeza que ela vinha passando e me contava, porém a pesar dos motivos sempre
a via sorrindo. Outro dia ela me contava que o segredo do bem-estar é tentar
contribuir para o sorriso alheio. Eulali poderia está morrendo, mas nunca
transparecia a dor por muito tempo porque ela também dizia que sentimento transmite.
Continuei tentando entender de forma clara sua dor, mesmo já suspeitando os motivos, ela meio que desconfiada
sussurrou:
- Nada me sucede, nada que eu não possa curar. Às vezes o
silêncio é o melhor remédio, porque outrora parece que quando damos importância
para as coisas que dói a dor fica mais sentida, se sentido a ultima bolacha do
pacote. Então, eu estou bem. Estou bem!
Silenciei no mesmo instante. O que dizer para uma pessoa que
lida com a dor de forma tão íntima? Às vezes tenho impressão que quando se
trata de coisa que faz doer ou pranto, Eulali é Phd.
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